Nasci em março de 1975, em Buenos Aires. Em junho de 1977, minha mãe partiu comigo,
de avião, para o Rio de Janeiro, onde meu pai nos esperava, tendo feito essa mesma
viagem de ônibus. Em dezembro de 1983, retornamos, de visita, minha mãe, minha irmã,
nascida no Brasil, e eu, já reestabelecida a democracia na Argentina. Esse percurso seria
feito muitas vezes depois, real e imaginariamente, na escrita ficcional e crítica.
Meu primeiro livro de contos, A duas mãos, publicado em 2003, começava com um
relato sobre um baile de tango no Rio de Janeiro. Em “Viagens”, um conto longo do
segundo livro, Mais ao sul, o mapa se ampliava para incluir a cidade de Barcelona no início
do século XX, de onde partiu meu avô paterno numa longa viagem de navio, e Londres,
uma das cidades onde vivi. Vivi também em Los Angeles, em Brasília e atualmente moro
em São Paulo, onde sou professora de Teoria da Literatura, na Universidade Federal de
São Paulo.
Tenho dois filhos, um carioca e um paulista, que riem quando me ouvem falar em
espanhol. Recentemente li numa entrevista o poeta Nicanor Parra dizendo que ele parou
de escrever para anotar as frases das crianças. Essa bem poderia ser a epígrafe do blog que
mantenho desde que meu filho mais velho nasceu: “Lugares onde eu não estou” (www. escritosgeograficos.blogspot.com).
Publiquei, além dos dois livros de contos, dois romances: Algum lugar, em 2009, e Mar
azul, em 2012. Escrevi também quatro peças de teatro. Os temas são contíguos em uma e
outra formas, mas adquirem seus tons próprios segundo as exigências de cada uma: noto
que no teatro há mais humor e na narrativa mais melancolia.
Tenho me dedicado também ao trabalho de tradução do português e do espanhol.
Traduzi, por exemplo, a escritora Margo Glantz. Experimentei uma vez com a auto-tradução,
do livro Mais ao sul, lançado em Buenos Aires no verão de 2011, pela editora Eterna Cadencia.
Foi um dos meus importantes retornos. Outro deles, em 2003, foi o lançamento da revista
Grumo, que publico com alguns amigos, entre Brasil e Argentina (www.salagrumo.org).
Sinto que continuo retornando. Por enquanto. Quem sabe algum dia essa sensação
cesse. Quem sabe daí surjam, também, outras formas de escrita. |